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Resumo
Neste artigo defende-se que as peças teatrais do dramaturgo contemporâneo cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa são teoricamente significantes já que subvertem os discursos culturais e históricos lusófonos que combinam as identidades raciais com as noções de lugar, mobilidade e viagem. Através de uma análise crítica dos textos das peças e das histórias da produção de duas das peças de Mário Lúcio Sousa, Adão e as sete pretas de fuligem e Sozinha no palco, defende-se que as personagens africanas de Mário Lúcio Sousa percorrem caminhos à escala global que nos fazem repensar não só as categorias raciais como retornado, mestiço e o depreciativo preto, mas também os discursos históricos que associaram aqueles termos a determinados locais e percursos de viagem. Enquanto as peças de Mário Lúcio Sousa conseguem reconfigurar com sucesso discursos raciais, elas também colocam novas problemáticas sobre questões de raça e género nas culturas lusófonas em todo o mundo, sobretudo em África. De forma a situar a minha análise no quadro da economia da circulação cultural lusófona, levei em consideração o modo como as companhias que encenam as peças de Mário Lúcio Sousa percorreram o circuito dos festivais de teatro lusófono, tais como o Festival Internacional de Teatro do Mindelo—Mindelact do arquipélago de Cabo Verde. À medida que o teatro lusofónico vai percorrendo o mundo, a mensagem que ele pretende veicular ao público pode constantemente mudar ao mesmo tempo que a companhia de teatro se dirige para diferentes locais ao longo do circuito dos festivais.
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