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Resumo
Portugal, juntamente com todos os países da Europa ocidental, está numa encruzilhada histórica. Como a migração a várias localidades européias tem se intensificado e diferenças nas formas de linguagem, religião, raça e etnia tornaram-se mais visíveis, a questão que se apresenta é: como as comunidades têm reconfigurado suas identidades? No caso de Lisboa, graças à longa prática da transculturação durante o colonialismo português e, mais tarde, no período pós-colonial, há um pressuposto generalizado de que Portugal estaria em posição de responder bem a uma crise. No entanto, para alguns jovens, especificamente os rappers kriolu, essa versão de multiculturalismo remete ao Lusotropicalismo, um poderoso mas problemático discurso de congenialidade e excepcionalismo portugueses. Neste artigo, analiso kriolu, um idioma híbrido de Cabo Verde, cuja base consiste do português europeu e línguas da África ocidental, como uma complexa formação de identidade. Mais do que língua, o kriolu se manifesta, particularmente, em arranjos de espaço dentro de uma série de desenvolvimentos de bairros e imaginações coletivas. Com base na etnografia colhida em pesquisas de campo e de arquivo, argumento que o kriolu interrompe a mitologia nacional do Lusotropicalismo, assim como o paradigma do “creole” na literatura acadêmica em torno de encontros coloniais e identidades emergentes. Esta “interrupção” em nome da diferença é ainda mais peculiar dado o fato de que os caboverdeanos têm historicamente se beneficiado dos discursos e regulamentos assimilacionistas, como o Lusotropicalismo.
- © 2015 by the Board of Regents of the University of Wisconsin System
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