Partindo das importantes observações escritas por Murilo Mendes, antes da publicação (em 1952) de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, este estudo assinala a fricção entre esse longo poema e um discurso crítico muito modelado pelo paradigma modernista brasileiro, caraterizado pela prevalência de interpretações etno-literárias centradas na nação e na especificidade nacional brasileira. As dificuldades interpretativas sublinhadas por Murilo Mendes apontam para uma poética que não nega, não combate nem pretende contrariar o moderno, mas que obscurece aquilo que a modernidade possa representar enquanto critério de criação e de inteligibilidade literária. A reinscrição do poético como fim em si mesmo, resistente à historicidade, e a complexificação da experiência da língua, são duas das principais operações de Invenção de Orfeu que, obscurecendo o moderno, esquivam o poema a qualquer apropriação pela ortodoxia modernista e seus imperativos culturais.
Resumo
Partindo das importantes observações escritas por Murilo Mendes, antes da publicação (em 1952) de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, este estudo assinala a fricção entre esse longo poema e um discurso crítico muito modelado pelo paradigma modernista brasileiro, caraterizado pela prevalência de interpretações etno-literárias centradas na nação e na especificidade nacional brasileira. As dificuldades interpretativas sublinhadas por Murilo Mendes apontam para uma poética que não nega, não combate nem pretende contrariar o moderno, mas que obscurece aquilo que a modernidade possa representar enquanto critério de criação e de inteligibilidade literária. A reinscrição do poético como fim em si mesmo, resistente à historicidade, e a complexificação da experiência da língua, são duas das principais operações de Invenção de Orfeu que, obscurecendo o moderno, esquivam o poema a qualquer apropriação pela ortodoxia modernista e seus imperativos culturais.
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