Egitos e Mesopotâmias, Caldeias e Babilônias

O obscurecimento do moderno na Invenção de Orfeu

Gustavo Rubim

Partindo das importantes observações escritas por Murilo Mendes, antes da publicação (em 1952) de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, este estudo assinala a fricção entre esse longo poema e um discurso crítico muito modelado pelo paradigma modernista brasileiro, caraterizado pela prevalência de interpretações etno-literárias centradas na nação e na especificidade nacional brasileira. As dificuldades interpretativas sublinhadas por Murilo Mendes apontam para uma poética que não nega, não combate nem pretende contrariar o moderno, mas que obscurece aquilo que a modernidade possa representar enquanto critério de criação e de inteligibilidade literária. A reinscrição do poético como fim em si mesmo, resistente à historicidade, e a complexificação da experiência da língua, são duas das principais operações de Invenção de Orfeu que, obscurecendo o moderno, esquivam o poema a qualquer apropriação pela ortodoxia modernista e seus imperativos culturais.

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Resumo

Partindo das importantes observações escritas por Murilo Mendes, antes da publicação (em 1952) de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, este estudo assinala a fricção entre esse longo poema e um discurso crítico muito modelado pelo paradigma modernista brasileiro, caraterizado pela prevalência de interpretações etno-literárias centradas na nação e na especificidade nacional brasileira. As dificuldades interpretativas sublinhadas por Murilo Mendes apontam para uma poética que não nega, não combate nem pretende contrariar o moderno, mas que obscurece aquilo que a modernidade possa representar enquanto critério de criação e de inteligibilidade literária. A reinscrição do poético como fim em si mesmo, resistente à historicidade, e a complexificação da experiência da língua, são duas das principais operações de Invenção de Orfeu que, obscurecendo o moderno, esquivam o poema a qualquer apropriação pela ortodoxia modernista e seus imperativos culturais.

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